Centenário do mestre que sonhou com o povo a sua libertação

Patrono da educação no Brasil, o pedagogo e filósofo Paulo Freire completaria 100 anos de vida neste domingo (19).

Alvo constante de ataques do presidente Jair Bolsonaro e de seus seguidores, os ideais e o legado de Paulo Freire, que defendia o senso crítico aliado à educação, permanecem vivos como resistência ao autoritarismo e às ameaças à democracia promovidas pelo atual governo.

Um dos mais respeitados educadores do mundo, Freire é autor do livro Pedagogia do Oprimido, obra adotada por muitas instituições de ensino no Brasil e no exterior. Além disso, idealizou um dos mais eficazes métodos de alfabetização de adultos já concebido.

Nascido em 19 de setembro de 1921, no bairro da Casa Amarela, no Recife, o pernambucano Paulo Reglus Neves Freire era o caçula de quatro irmãos, filho de Joaquim Temístocles Freire e de Edeltrudes Neves Freire. Ficou órfão aos 13 anos e enfrentou uma “infância difícil”. Formou-se em Direito, mas nunca exerceu a profissão.

Arraes e Freire 

Em 1961, foi nomeado diretor da Divisão de Cultura da Secretaria Municipal de Educação pelo então prefeito da capital pernambucana, Miguel Arraes (PSB). Ambos trabalharam na criação de uma rede pública de ensino na capital de Pernambuco, fundaram o Movimento de Cultura Popular (MCP) e lideraram uma grande corrente de alfabetização. Conhecida como Método Paulo Freire, essa corrente tinha como proposta atar o aprendizado da escrita e da leitura pelos mais pobres à conscientização das suas condições de submissão e passividade diante do mundo.

“Paulo Freire trabalhou a educação como uma ferramenta de libertação dos mais oprimidos e foi isso que o aproximou de Arraes, o sonho de ambos de levar dignidade às massas excluídas”, recorda o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira.

Com seu método, que extrapolava os limites da escola, “Freire pretendia despertar na camada mais pobre da população o sentimento de autonomia, fundamental para o enfrentamento da desigualdade social e econômica da época”, destaca o socialista.

Alfabetização 

Durante o governo do presidente João Goulart, coordenou o Programa Nacional de Alfabetização, que tinha o objetivo de alfabetizar cinco milhões de pessoas.

O criador da “pedagogia da libertação”, considerado subversivo pelo regime autoritário, foi preso em 1964, depois exilou-se no Chile e percorreu diversos países, sempre levando o seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia. Voltou ao Brasil em 1980, retomando o trabalho como educador até seu falecimento, em maio de 1997.

Autor de quase 40 obras, o intelectual brasileiro concebeu uma produção rica e essencial para a educação popular e deixou um legado progressista presente até os dias atuais em áreas como a filosofia, a literatura e a história em todo o mundo.

Freire é o brasileiro mais homenageado no mundo. Ele tem 29 títulos de Doutor Honoris Causa dado por universidades da Europa e da América, além de vários outros prêmios, como o Educação pela Paz, da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura (Unesco). O educador ainda é o terceiro pensador mais citado do mundo em universidades da área de humanas, de acordo com levantamento da London School of Economics.

PSB Nacional

Assessoria de Comunicação